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Coronavírus: Alberto Fernández quer distância de Bolsonaro

O presidente da Argentina, Alberto Fernández, vê Bolsonaro enfraquecido e não pretende se encontrar com ele.

O governo argentino está convencido de que a primeira grande vítima política da pandemia será o presidente brasileiro Jair Bolsonaro.

Com essa certeza, Alberto Fernández fechou qualquer possibilidade de se encontrar com o presidente do principal parceiro comercial da Argentina. Essa é uma decisão sem precedentes.

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Os assuntos da Argentina com o Brasil foram entregues ao ministro das Relações Exteriores, Felipe Solá, que mantém diálogo com o chefe do Itamaraty, um conservador pré-conciliar que ainda mantém os reflexos da outrora respeitada diplomacia brasileira.

O embaixador agentino designado, Daniel Scioli, não está em Brasília. Após sua escandalosa aparição na Câmara dos Deputados para dar quórum ao partido governista, ele teve que permanecer no país por causa da quarentena obrigatória. Scioli assumiria em 3 de março, o que não aconteceu: já tem o acordo do Senado para ser embaixador, mas não pode ser efetivado porque sua demissão como deputado ainda não foi aceita. E o Congresso não está trabalhando neste momento.

A decisão de Alberto Fernández, confirmada por duas fontes oficiais, está ligada às dificuldades de Bolsonaro com sua política errática contra o vírus. Suas ações têm causado atrito com seu ministro da Saúde, a quem ele contradiz, e conflito com os poderosos governadores de São Paulo e do Rio de Janeiro, entre outros.

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A Casa Rosada acredita que Bolsonaro está cada vez mais pressionado por seu vice-presidente, general aposentado, mas com diálogo com o Exército, o que faz crescer a versão de uma maior influência militar no Planalto.

Outras fontes, por outro lado, sugerem que as hipóteses de Fernández se baseiam em meras expressões de desejo e que, de qualquer maneira, a alternativa não será, como o governo gostaria, o Partido dos Trabalhadores de Lula.O peso econômico do relacionamento Brasil-Argentina coloca a questão em um lugar de destaque na agenda imediata.

© clarin.com Devido à crise do novo coronavírus, a economia brasileira afundará 10%, calculam, e a da Argentina cairá quase o dobro. (REUTERS/Adriano Machado).

Devido à crise do novo coronavírus, a economia brasileira afundará 10%, calculam, e a da Argentina cairá quase o dobro. Bolsonaro não quer parar o país e agora enfrenta uma situação de saúde que pode se tornar incontrolável.

Na Argentina, a quarentena funcionou muito bem até sexta-feira (3), quando tudo foi colocado em risco por um erro grave que deveria ser punido. O governo, seguindo pareceres técnicos, agora tem que decidir como reativar a economia sem causar um espalhamento do vírus. O escândalo de sexta-feira, com aposentados formando longas filas para receber seus benefícios, revelou também uma necessidade financeira urgente, à qual a política precisa responder.

Fernández imita o ex-presidente Nestor Kirchner de 2003, aliando-se ao sindicalista Hugo Moyano, porque o caminhoneiro e seus métodos foram e são uma mensagem para os empresários no futuro imediato. Mas Fernández não é Kirchner e Moyano não é o mesmo de antes, embora mantenha poder de fogo e precise do calor oficial devido à sua própria situação pessoal.

O governo também sairá da pausa forçada com mais problemas e em um mundo diferente do que conhecíamos. Talvez esta crise global mude regras e comportamentos. Alguns já estão empolgados com um jubileu do FMI (perdão de dívidas) e um corte de pelo menos 50 bilhões para os detentores de títulos, que seria o piso da proposta que o ministro argentino Martín Guzmán apresentaria nesta semana.

Clarín

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